Quando se olha de perto pessoas que parecem ser amantes da fotografia, descobrimos que muitas delas se dedicam na verdade a outro passatempo. O que as motiva na verdade é uma competição não declarada para ver quem tem o equipamento mais moderno. É fácil identificar quem se dedica a esse hobby inútil. Como você pode descobrir se sofre desse mal? Há vários sinais, dos quais vou citar quatro:

1) se você, quando discute ou pesquisa assuntos relacionados à fotografia, fala ou lê mais sobre equipamentos do que sobre a fotografia enquanto arte, é hora de se preocupar;

2) se você conhece, pelo menos de ouvir falar, boa parte dos equipamentos mais recentes, mas conhece pouco da obra dos grandes fotógrafos do passado, isso é um mau sinal;

3) se de noite, na cama, você pensa mais em megapixels do que em oportunidades de fazer ótimas fotos que você perdeu ou do que em fotos que gostaria de fazer, então provavelmente está na hora de rever os seus conceitos;

3) se você comenta suas fotos ou a de outros fotógrafos mais em termos do que o equipamento foi capaz de produzir do que em termos da beleza ou do interesse intrínsecos das imagens, então é hora de repensar seus valores.

Uma coisa essencial para alguém se tornar um bom fotógrafo é a cultura fotográfica. Essa cultura fotográfica é em parte conhecimento técnico sobre o seu equipamento, mas ela é principalmente conhecimento das grandes imagens e dos grandes fotógrafos do passado. Para se fazer boas fotos, você precisa alimentar sua imaginação e a sua sensibilidade apreciando a obra dos grandes fotógrafos. Quem não tem cultura fotográfica tende a ser mais um operador e consumidor de equipamento do que um fotógrafo dotado de sensibilidade.

À medida que você se dedica a apreciar a obra dos grandes mestres, suas fotos vão melhorando também. Você passa a perceber novas possibilidades, passa a ter idéias que não tinha antes. E por mais moderno ou completo que seja o seu equipamento, você não vai fazer fotos especiais se suas idéias não forem especiais e originais também.

Não se preocupe demais com o equipamento e nem entre numa de competir com seus amigos fotógrafos para ver quem tem a máquina mais moderna (acredite: muita gente faz isso sem perceber). Desenvolva no lugar disso uma admiração sadia por aqueles que demonstraram ser verdadeiros artistas. É muito provável que depois de alguma tempo você passe a se orgulhar mais das suas fotos e que os outros  também passem a achar que elas são especiais.

A foto que ilustra este post não está aí à toa. Ela foi feita com uma Olympus Trip, uma câmera que vendeu milhões de exemplares por volta da década de 1970. Trata-se de uma câmera muito simples, que naturalmente não é mais fabricada, e que você pode comprar usada por uns R$ 100 reais ou até menos.