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A importância de mostrar apenas o essencial

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Você talvez já tenha ficado deslumbrado com a capacidade de síntese dos bons poetas e compositores. Eles são, afinal, capazes de expressar com poucas palavras coisas que nós não conseguiríamos explicar nem com páginas inteiras. Pois essa capacidade de síntese, essa concentração no essencial e essa eliminação de tudo o que não interessa, também vale para a fotografia. Muitas vezes uma imagem perde em intensidade não porque lhe faltam elementos, mas sim porque há elementos sobrando. Veja por exemplo a imagem abaixo.
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Esta foi minha primeira versão deste negativo feito na Ilha Grande. Desde o início achei que o resultado final poderia ter ficado melhor. Por mais que eu tivesse gostado da imagem, sentia também que alguma coisa ainda não estava batendo e que eu não tinha explorado todo o potencial do negativo. Depois de algumas tentativas, acabei chegando à solução abaixo:
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A partir desse momento, fiquei muito mais satisfeito. Percebi que na ampliação original, o espaço vazio à esquerda, assim como os dois barcos logo acima, não acrescentavam nada à imagem, cujo centro de gravidade eram os dois garotos. Em vez disso, esses elementos a mais competiam pela atenção do observador e, com isso, diminuíam a força do tema principal.
Claro que o melhor seria que o negativo já tivesse sido feito com o recorte da segunda ampliação. Nem sempre, porém, dá para perceber na hora da captura qual o melhor recorte de uma cena. O mais importante, contudo, é aprender que pode-se sempre avaliar uma imagem qualquer em busca do tema principal e de elementos que possam estar diminuindo o impacto da foto. As primeiras perguntas que você deve fazer são: o que eu quis mostrar com essa imagem? Qual é o centro de interesse dela? Depois, o passo seguinte é identificar elementos da imagem que podem estar simplesmente sobrando e tirando a força da sua captura.
(Outro detalhe: preferi na versão final escurecer um pouco mais a cena, como você deve ter percebido.)
Pode apostar que se você passar a fazer esse tipo de autocrítica (que com o tempo se torna natural), suas composições vão ficar cada vez melhores. Esse, aliás, é na verdade um exercício que nunca termina. Há fotógrafos que fazem dezenas de versões de uma mesma imagem à medida que os anos vão passando. De maneira similar, muitas pinturas famosas são resultado do aprimoramento de uma mesma idéia por um período que pode chegar a décadas.

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